Morte da Psiquiatria, A
A psiquiatria é aquele rei, nu em suas roupas novas. Trabalhou e lutou durante 70 anos para tornar-se um rei, um irmão reconhecido pelas demais especialidades médicas. E, agora, aí esta, brilhante em seus atavios. Mas absolutamente despido; e, pior ainda, ninguém o proclamou. Dizer ao rei que ele esta nu jamais foi recomendado como o meio mais eficiente de fazer amigos. A alternativa, entretanto, é igualmente dolorosa -pois implica a integração da gente no delírio geral. Cada um de nós tem de escolher seu próprio caminho, nesta encruzilhada. O presente livro tanto é um ataque ao modelo médico de psiquiatria quanto uma proposta de modelo alternativo. Como ataque, não é o primeiro nem será o último. Críticas ao modelo médico tem sido formuladas dentro e fora da profissão psiquiátrica. Szasz, Laing, Foucault, Liefer, Coles, Albee, Fromm, Ryan, Sarbin, Sheff, Goffmann e muitos outros atacaram-no, embora nem todos pelas mesmas razões. Às vezes, tais ataques inferem que o modelo médico foi deliberadamente aplicado por psiquiatras, a um público inadvertido, como meio de repressão ou controle social. Nego, enfaticamente, tal imputação. O modelo médico foi uma honesta e humanitária tentativa de resolver os problemas de conduta humana desviada. O fato de não ter sido uma boa solução não deverá servir para denegrir as intenções originais. Acusações de conspiração têm ainda, o defeito de implicar, um plano; e quem já tiver visto a psiquiatria americana em ação saberá da inexistência de plano de qualquer natureza, o que faz a conspiração impossível.
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