Alma e Pele: Poesia

"Em função da grande mídia ficamos presos aos eventos culturais acontecidos no eixo Rio-Sao Paulo, fazendo do restante do país uma abstração. Esta e uma posição cômoda e egoísta, criando um grande vácuo aos valores que brotam por toda parte. Cora Coralina, Goiás, e Adélia Prado, Minas, são exceções. Correndo pela net, num desses momentos soprados pelos anjos, descobri uma gema rara no garimpo da promissora cidade de Jaú -Silvia Munhoz. Encontrei-a tecelã das palavras, urdindo poesia madura, como se já fosse uma poeta consagrada, tal a firmeza como escreve. Ousada tecelã. Que aprendeu sozinha que ousar e preciso. Só teme ousar quem já perdeu todo o sentido da beleza, das cores do mundo. A ousadia de Silvia é um bordado de sonhos, desejos, mágoas, venturas e desventuras. Mas sempre otimista, olhando para objetivos, talvez estelares, mas quem não os olha neste encantado mundo das artes? Este primeiro livro de Silvia Munhoz parece mais um livro de quem já está na estrada há longo tempo. Ela não está. Faz parte de antologias, mas sua estréia mesmo singrará agora os mares incertos da literatura e chegará a belos portos. Não falarei aqui de coisas técnicas, muito próprias das teorias literárias da Universidade. Estou apenas reconhecendo um talento que me comove, que me leva a máxima emoção de leitor abnegado..Sempre repito, seguindo as veredas de Guimarães Rosa, que não se deve apressar o rio, pois ele corre sozinho. Silvia é um rio criando seus próprios remansos com muito talento. Silvia é poesia de leito frágil percorrido por um caudaloso rio, mas com a sensibilidade e urgência em viver. Com talento e ousadia ela devolve ao rio a sua condição de um regato de estio na primavera." - Miguel Coelho



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